terça-feira, 15 de julho de 2014

Aproveitar a vida...

Na sequência do post de ontem sobre os 40 anos queria partilhar convosco algo que me marcou muito recentemente: a morte de uma amiga com 48 anos...
A M. era minha amiga e colega há alguns anos. Foi uma pessoa que lutou muito, mas muito mesmo para chegar a um lugar de topo na carreira e para ter uma vida economicamente estável e desafogada. E conseguiu... ao 48 anos estava bem na vida como se costuma dizer... Começou cedo a sua luta, casou com 16 anos por amor, aos 20 foi mãe de uma filha de desejada, mas aos 26 anos ficou viúva... criou sozinha a filha, tirou uma licenciatura e tornou-se uma profissional de sucesso, tendo para isso trabalhado muito, mas mesmo muito em prejuízo da vida pessoal. Mais recentemente tinha encontrado novamente a estabilidade emocional que tanto desejou, cuidou-se, a filha estava já a viver a sua vida e tudo parecia perfeito, até que a um domingo, há cerca de 15 dias, um aneurisma seguido de ataque cardíaco lhe ceifou a vida.
Uma injustiça digo eu....Uma tristeza e dor sinto eu...
Para quê? Porquê? Tanta luta, tanta privação, tanto trabalho e no final nem pôde aproveitar o que construiu...
Lembro-me de uma das últimas vezes que estivemos juntas a M. me ter dito para me cuidar, para me mimar, tratar do cabelo, da pele, arranjar-me e eu não lhe liguei nenhuma.... Eu não sou assim....
Agora a M. já cá não está para me "dar nas orelhas", para me pressionar para cuidar de mim... Mas com o falecimento dela isso tem ficado na minha cabeça pois é verdade que nem me cuido muito e devia fazê-lo... Mas, acima de tudo, penso se valeu a pena, se vale a pena, prescindir de estar com os filhos, de estar com o marido, de estar com os amigos para se alcançar uma carreira de sonho... Será que vale a pena.... Começo a achar que não...
Acho que estes momentos nos fazem repensar prioridades, nos fazem perceber o que é verdadeiramente importante... Também eu, na minha luta pela profissão deixei muita coisa para trás...
Uma vez a Mi estava muito doente mas eu tinha um trabalho para terminar essa noite e lembro-me de o meu marido me ter dito para irmos ao Hospital, era, 02.00 horas da manhã e eu disse que não podia ser pois tinha de acabar o trabalho...E a Mi continuava a chorar... Um grito do meu marido fez-me perceber a estupidez e lá larguei eu o trabalho e fui para o Hospital de onde saí no dia seguinte ao fim do dia depois de muitos exames, análises, medicação... a situação era uma urticária grave que podia ter culminado em edema da glote se não temos ido logo para o Hospital... E o trabalho fez-se, mais tarde, mas sem qualquer prejuízo...
E agora penso que a M. me telefonou, há cerca de um mês, provavelmente para falarmos, colocar a conversa em dia... Eu não atendi pois estava ocupada com mais um trabalho e adiei o telefonema de retorno...E agora é tarde demais.... Já não posso retribuir a chamada da M. pois ela já cá não está...
Este desabafo, que mais não é que isso, pretende apenas dizer algo que aos 16 anos eu queria que fosse o meu lema de vida: Carpe diem... Aproveitem a vida... E estamos sempre a tempo de o fazer.... Hoje, amanhã, ou mais tarde, mas um dia pode ser tarde de mais para retribuir uma chamada...
CARPE DIEM

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A ternura dos 40...

Pois é, faço hoje quarenta anos... Idade avançada pensava eu quando tinha 15 anos... Pensava que quem tinha feito 40 anos estava no mínimo velhote, eram as cotas. Hoje sou eu a cota, a velhota... Mas embora brinque dizendo que não faço mais anos mas apenas décimas, e que faço 39,1 anos, sinto-me bem feliz por fazer 40 anos...
Não sei porquê, mas acho que é uma idade interessante, talvez marque uma viragem na contagem da vida de crescente para decrescente considerando a esperança média de vida das mulheres que ronda mais os 80 do que os 100, talvez.. não sei porquê mas acho que é um marco..
Não vou comemorar esta viragem de modo especial pois uma das minhas princesas (sobrinha que amo como filha) está longe e sem ela não apetece fazer uma mega festa ou talvez a faça quando ela regressar de terras africanas...
Mas, independentemente das comemorações, acho que sinto que atingi um ponto na minha vida em que tenho de pensar mais em mim, gostar ainda mais de mim, mimar-me mais e aproveitar mais todos os momentos com os que me amam e que eu amo e que me rodeiam.
Não me acho mais madura, mais responsável, mais sabedora que ontem, mas acho que não vou querer estar mais isso tudo... A vida é muito mais chata assim... Acho apenas que de futuro tentarei ser menos madura, menos responsável, menos centralizadora de todos os assuntos meus e de quem me rodeia.... Acho apenas que vou dar um pouco mais de liberdade a mim própria para ser quem sou...
Planos para o futuro? Dieta, dieta, dieta e ainda uma dieta... eheheh, é o que mais me preocupa neste momento. Mas também cuidar mais de mim, uma massagem, uma ida ao cabeleireiro, uma tarde com as amigas, porque não? Já fiz por merecer isso...
Acho que a ternura dos 40 em vez de calmia e serenidade me trará alegria e vontade de ser (ainda mais) feliz, de ser eu própria, com defeitos e qualidades, de não ter pudor em cuidar de mim, de ser mais mulher, e não só mãe, esposa, filha, irmã e amiga.... Parecem-me bons planos... exequíveis? Não faço ideia pois ainda não comecei mas parecem-me bons planos...
Por enquanto gozo apenas a entrada nos 40 como a celebração de mais um ano de vida!