Na sequência do post de ontem sobre os 40 anos queria partilhar convosco algo que me marcou muito recentemente: a morte de uma amiga com 48 anos...
A M. era minha amiga e colega há alguns anos. Foi uma pessoa que lutou muito, mas muito mesmo para chegar a um lugar de topo na carreira e para ter uma vida economicamente estável e desafogada. E conseguiu... ao 48 anos estava bem na vida como se costuma dizer... Começou cedo a sua luta, casou com 16 anos por amor, aos 20 foi mãe de uma filha de desejada, mas aos 26 anos ficou viúva... criou sozinha a filha, tirou uma licenciatura e tornou-se uma profissional de sucesso, tendo para isso trabalhado muito, mas mesmo muito em prejuízo da vida pessoal. Mais recentemente tinha encontrado novamente a estabilidade emocional que tanto desejou, cuidou-se, a filha estava já a viver a sua vida e tudo parecia perfeito, até que a um domingo, há cerca de 15 dias, um aneurisma seguido de ataque cardíaco lhe ceifou a vida.
Uma injustiça digo eu....Uma tristeza e dor sinto eu...
Para quê? Porquê? Tanta luta, tanta privação, tanto trabalho e no final nem pôde aproveitar o que construiu...
Lembro-me de uma das últimas vezes que estivemos juntas a M. me ter dito para me cuidar, para me mimar, tratar do cabelo, da pele, arranjar-me e eu não lhe liguei nenhuma.... Eu não sou assim....
Agora a M. já cá não está para me "dar nas orelhas", para me pressionar para cuidar de mim... Mas com o falecimento dela isso tem ficado na minha cabeça pois é verdade que nem me cuido muito e devia fazê-lo... Mas, acima de tudo, penso se valeu a pena, se vale a pena, prescindir de estar com os filhos, de estar com o marido, de estar com os amigos para se alcançar uma carreira de sonho... Será que vale a pena.... Começo a achar que não...
Acho que estes momentos nos fazem repensar prioridades, nos fazem perceber o que é verdadeiramente importante... Também eu, na minha luta pela profissão deixei muita coisa para trás...
Uma vez a Mi estava muito doente mas eu tinha um trabalho para terminar essa noite e lembro-me de o meu marido me ter dito para irmos ao Hospital, era, 02.00 horas da manhã e eu disse que não podia ser pois tinha de acabar o trabalho...E a Mi continuava a chorar... Um grito do meu marido fez-me perceber a estupidez e lá larguei eu o trabalho e fui para o Hospital de onde saí no dia seguinte ao fim do dia depois de muitos exames, análises, medicação... a situação era uma urticária grave que podia ter culminado em edema da glote se não temos ido logo para o Hospital... E o trabalho fez-se, mais tarde, mas sem qualquer prejuízo...
E agora penso que a M. me telefonou, há cerca de um mês, provavelmente para falarmos, colocar a conversa em dia... Eu não atendi pois estava ocupada com mais um trabalho e adiei o telefonema de retorno...E agora é tarde demais.... Já não posso retribuir a chamada da M. pois ela já cá não está...
Este desabafo, que mais não é que isso, pretende apenas dizer algo que aos 16 anos eu queria que fosse o meu lema de vida: Carpe diem... Aproveitem a vida... E estamos sempre a tempo de o fazer.... Hoje, amanhã, ou mais tarde, mas um dia pode ser tarde de mais para retribuir uma chamada...
CARPE DIEM
Percebo bem :(
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